Hoje esse post tem uma dinâmica diferente. Sou fã de experimentações sensoriais, então meu pedido é que você possa ler este texto com a trilha sonora que inspirou essa escrita, a música Dancing, do grupo Elevation Worship – ou ouvir pós-leitura, o que preferir.
Dado o seu play (ou não) começo dizendo que uma característica da minha geração que me traz certo incômodo é como as coisas e pessoas tornam-se efêmeras para nós. Seja uma tendência que dura algumas semanas ou relações rasas que se desfazem pelo mínimo. Sinto falta da conexão, da doação, do comprometimento, do sentido. Do natural.
Não sou uma pessoa nostálgica – ou talvez seja, não sei. Mas tem uma particularidade das gerações passadas que me conquista: a valorização da sua história através dos arquivos. O modo como guardam suas memórias, como elas estão presentes em coisas físicas. Seja nas fotos analógicas reveladas, nos documentos guardados em pastas, nas atividades escolares do fundamental que os pais guardam ou nas cartas escritas. Há um momento em que eles olham para o passado e conseguem perceber o presente como presente. Talvez isso seja relativo e serão pessoas diferentes que vão conseguir passar essa sensação para cada um de nós. No meu caso, são meus pais. Mas não tem como falar dos meus pais e suas memórias sem falar de amor. Não um amor raso, somente romântico e efêmero, mas um amor que é enraizado em terras um tanto desconhecidas para nossa geração. E foi escutando essa música que esse pensamento me veio à mente.
A música conta a história de um casal que escolheu permanecer mesmo com as adversidades e seguem dançando no ritmo da vida e em seu tempo. Num trecho diz: “Se suas mãos estão nas minhas, não vou parar de dançar. Dançando na montanha de uma vitória, dançando pelo vale de um sonho desfeito, dançando nas planícies do meio. Se for você e eu, não vou parar de dançar…” Poderia ser sobre uma história de amor distante, mas lendo esse trecho não consigo pensar em outras pessoas a não ser os meus pais. E foi daí que uma música me inspirou a escrever e honrar a vida das duas pessoas mais importantes para mim. Tive – e tenho – o privilégio de ser plateia VIP de uma história de amor. Quando criança, achava que meus pais podiam fazer qualquer coisa. Mas quando nos tornamos adultos, conseguimos enxergar o todo. As qualidades e imperfeições; as possibilidades e as privações. E olhando hoje, panoramicamente, consigo ver: eles escolheram permanecer. Permanecer nos sonhos desfeitos, no muito e no pouco, nas diferenças.
Eu cresci assistindo e lendo sobre conto de fadas, sempre achei o amor um conjunto de dramas, atos extraordinários e públicos, baseado em castelos, princesas e afins. Cresci e descobri que drama, na vida real, não é o meu forte. Gosto do que é simples, natural e leve. A vida já se encarrega de trazer o drama devido, não preciso buscar por isso. Mas é importante saber quem estará ao nosso lado nesses momentos. Ou melhor, quem escolhe estar ao nosso lado. O amor dos meus pais é baseado nisso. Na escolha. Por amar, por cuidar, por discordar quando necessário, mas acima de tudo, por escolher respeitar. Não é para qualquer um, é para quem consegue construir uma base sólida. Mas a base é feita também pelo tempo. E isso me traz o questionamento: onde encontra-se a solidez nas relações atuais? Não só entre casais, mas relações de amizade, familiares. Onde é depositado o tempo de qualidade, de dedicação?
Já aprendi muitas coisas com meus pais. O tanto que sou parecida com eles e, na mesma proporção, o quanto sou diferente. Mas se tem uma coisa que aprendi bastante foi sobre o tempo. Meu pai sempre me fazia perguntas sobre minhas escolhas colocando o tempo como determinante. Por exemplo, “como você se vê daqui a 10 anos?”. Mas uma das lições mais importantes que me ensinaram sobre o tempo foi de permanecer ao lado. Em janeiro eles irão completar 30 anos de casados. São 30 anos entre o muito e o pouco, entre perdas e conquistas, realizações e frustrações, mas sempre tendo a escolha do compartilhar. Descobri, através deles, que o amor é diferente da paixão, que tem um período determinado e depois se apaga.
Diferentemente, o amor se constrói com o próprio tempo. Um dos livros mais lindos que li é ”Os Quatros Amores”, do C S Lewis (o mesmo escritor de As Crônicas de Nárnia) e Lewis fala no último capítulo sobre o amor caridade, dizendo ser o mais profundo que existe, por ser um amor de doação, um amor dádiva que enxerga a necessidade, a falha, os defeitos do outro, mas, como num ato divino, escolhe amar. Amor é decisão. Me baseei nos meus pais ao longo da minha escrita, mas meu foco não é apenas casais, mas as relações de um modo geral. A verdade é que sempre temos escolhas. Por ir, por ficar. Talvez amar, neste momento, signifique deixar partir. Ou apenas estar ao lado. Escutar. Demonstrar afeto. No fundo, todas essas linhas escritas sejam apenas para nos lembrar que, a decisão de permanecer e amar é nossa também.
Muito obrigada por colocar em palavras o que penso sobre o amor!
Também acompanho a história dos meus pais e vejo claramente a decisão deles, de permanecer e amar, mesmo em meio a tantas dificuldades, aos altos e baixos.
Amei o texto e a música! <3
So por citar lewis ja ganhou meu coração ❤️
Q delicadeza de post.
Amei
Uau, Dani! Que forma perfeita de explicar. Aqui em casa gostamos de falar que amor é racional. Meu primeiro contato com essa ideia foi em outro livro tbm do C S Lewis (Cristianismo puro e simples) e mudou minha forma de me relacionar!
lindo demais. precisava ler sobre amor hoje e mal tinha me dado conta. obrigada!
p.s.: vim pelo instagram da Karol avisando que seu texto estava incrível e dei um sorrisão com todas as referências de música e cs lewis. <3 obrigada de novo.
Todo mundo deveria ler esse texto!!!
De quebra ainda conheci essa música linda ❤
Que texto lindo 🤩
Que coisa mais linda Dani! Fiquei suuuuper emocionada do lado de cá e ameeeei tanto essa música.
Obrigada pela indicação e por ter escrito em texto tão lindo! Meus olhos encheram de lágrimas aqui de pensar no amor dos meus pais tbm ❤️ E ah, que continue transbordando amor nos seus pais!
Que texto lindo!
Texto Lindo!!!!
Amei
Termino a leitura com lágrimas nos olhos, apaixonada por essa música e pensativa. Muito obrigada pelo texto lindo, Dani!
Que texto incrível, no meio de um dia tortuoso ler sobre amor desta forma tão sensível trás quentinho pro coração ❤️ e essa música combinou demais !
Meu Deus eu tô chorando??!! Amar é escolha.
Que texto maravilhoso, muito obrigada por isso e obrigada maqui e karol por darem espaço para outras pessoas escrevem coisas de muita qualidade como essa!
Não consegui não pensar em pessoas queridas lendo o seu texto, pessoas que já foram e pessoas que ficaram e pensar até mesmo sobre mim e minhas decisões.
Pois é, apenas terça-feira e um texto já nos transporta para tantos lugares!
Que texto incrível!
Maravilloso!!! Amei esse texto❤️
Simplesmente lindo.
Era o que eu precisava ler neste momento. Obrigada!!
Eu aprendi exatamente isso tenso como referência minha mãe. Inconcientemente estava sendo igual a ela! Priorizando a doação sem perceber o amor. E quando percebi, que era um amor de doação e não correspondido, Pedi licença me separei. 10 anos. Não me cabia mais aquele lugar, mesmo amando tanto! Mais pessoas precisam ler e entender sobre o amor raso e o amor construído! Que muitos dos relacionamentos de hoje somente um constrói!
Que texto incrível!!
Incrível ler esse texto, as palavras, a músicas, as colagens lindas… Amei <3
Caramba, caramba, caramba! Em meio ao gelo aqui do escritório escapei para ler esse texto e ca-ram-ba meu coração tá quentinho. Que texto essencial,
Amei a música e já quero ler esse livro.
Que texto lindo ! Obrigada por compartilhar :)
Texto lindo, é tão bom ler e por uns minutos conhecer fragmentos das histórias das pessoas, formas de enxergar o mundo, o amor. Que bom que “o blog voltou” neste formato!
PERFEITO! Li e fui pensando no privilégio de assistir isso em meus pais! Minha relação hoje com meu marido vence dificuldades porque tivemos o privilégio de ver isso em nossas famílias também. Não é “passar pano” pra tudo, e sim cultivar o respeito e o amor diariamente, mesmo diante das dificuldades. Obrigada por esse texto lindo!
Eu amei esse texto, poderia ser facilmente escrito por mim, meus pais tbm vão fazer 30 anos de casados e eu me vejo tendo esses mesmos questionamentos sobre relacionamentos. São tempos difíceis para os românticos.