Obrigada. Foi só o que consegui responder.

Mesmo que eu sempre tenha jurado (de pés juntos) que não me importo com esse tipo de coisa, já tinha sonhado com a cena algumas vezes. Em todas, meio tímida, eu dizia que sentia o mesmo.  A essa altura, caí na real de que os meus sonhos sempre se transformam em algum tipo de pesadelo bizarro, mas pera lá, falar “obrigada” depois de ouvir “eu te amo” do garoto por quem sou apaixonada (após transar com ele) foi o cúmulo. Eu travei. Pirei. Sei lá! Acho que ou ele não ouviu ou preferiu ignorar, porque simplesmente levantou da minha cama, se vestiu e foi embora.

Disquei o número dá Cá desesperada pra desabafar, mas assim que ouvi o “alô” dela, lembrei de que os meus problemas nem eram problemas. Havia rolado tanta coisa comigo, que esqueci sobre minha melhor amiga estar grávida. Desconversei dizendo que só queria saber se estava tudo bem e desliguei o telefone. Minha vida estava uma bagunça completa. Sério mesmo. Até as notas de história tinham piorado. E olha que passei o último mês praticamente morando dentro do livro sobre revolução francesa.

Resolvi esquecer tudo por alguns instantes.

Deitada de barriga pra cima, alcancei o controle remoto do aparelho de som e coloquei qualquer música agitada bem alto pra tocar. Também resolvi ligar a televisão só pra não me sentir sozinha. Estava passando algum reality show desinteressante. Por que essa gente da TV parece sempre tão feliz? Afff

Acabei pegando no sono e acordei de surpresa em frente a um cara com uma câmera filmadora gigante na mão. “Oi?”, mas antes que ele pudesse responder, ouvi alguém gritar “gravando” e, aí sim, minha vida virou uma bagunça de vez.