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Amor à segunda vista

23.09.2022 • Carolina Guarnieri
12 comentários

A ideia para escrever esse post surgiu em um dia andando pelo shopping e vendo as inúmeras vitrines com as tendências que prometem bombar agora na primavera. Olhei muitas e me apaixonei por uma camisa social com strass aplicado em seu colarinho, a coisa mais linda! Fui correndo olhar a etiqueta e me assustei com o tanto de zeros escritos nela, na hora pensei “hum, posso procurar por uma camisa assim num brechó e customizar com os strass que vai sair por bem menos que isso”. Tandãn! Estava aí um assunto que eu precisava falar aqui com vocês também!

Vocês lembram de Girlboss, da Netflix? Sophia Amoruso começou o império da Nasty Gal vendendo roupas usadas

O consumo de peças de segunda mão e termos como “upcycling” (dar nova forma/ novo design), “rework” (inserir elementos, como bordados e costuras) ou as mais diversas customizações nunca foram tão discutidos e falados. O mercado de segunda mão vem ganhando cada vez mais força e gerando expectativa sobre seu potencial como o futuro da moda que conhecemos hoje. Estamos acompanhando o crescimento de diversas iniciativas que vão além de revender peças usadas (no formato mais tradicional de brechó) e passam a ressignificar peças, atribuindo um novo valor ao “velho”.

O cemitério de roupas descartadas no deserto do Atacama Foto: BBC

Vocês já devem saber, afinal, vivem no mesmo planeta Terra que eu, que toda essa expectativa vem em grande parte da preocupação com o meio ambiente e o impacto absurdo que a indústria da moda tem nele. Literalmente todos os dias, toneladas de peças são descartadas de forma incorreta, criando os chamados “cemitérios de roupas”, que crescem a cada ano. Nesse cenário quase catastrófico, surgiu uma reflexão: e se essas toneladas de roupas, antes de serem descartadas, fossem reutilizadas, repensadas ou refeitas? O quanto de lixo desnecessário poderia ser evitado se déssemos uma nova vida a cada uma dessas peças?

Bota pra girar

Esse pensamento criou o que hoje chamamos de moda circular (o termo foi inventado por Anna Brismar, chefe e dona da empresa de consultoria sueca Green Strategy). Essa nova tendência baseia-se nos princípios da economia circular e do desenvolvimento sustentável. A ideia é que a gente tenha consciência sobre o caminho que as peças de roupa percorrem até chegarem no nosso armário, considerar como são produzidas e a vida útil que damos a elas. A moda circular também incentiva nós, consumidores, a dar preferência a compra de peças que um dia foram muito amadas por outra pessoas e que podem nos fazer muito felizes!

A roda da moda circular gira assim

Esse mercado de segunda mão já é uma realidade faz tempo, mas vem crescendo muito nos últimos anos, inclusive com o aumento de startups com foco em moda sustentável. Empresas responsáveis e espertas (porque investir nisso também pega muito bem com os compradores) têm explorado a produção de peças com menos necessidades de lavagens, por exemplo, enquanto outras dão ao cliente a opção de customização em suas próprias lojas. O mercado digital e a internet também entrou como parte importante para a popularização desse mercado, com estratégias de compra e venda de peças de segunda mão. Quem nunca passeou virtualmente em brechós online?

Tudo mudou na pandemia

A procura por peças mais acessíveis financeiramente, junto com os dias de isolamento social causados pela pandemia, deram força para o crescimento do mercado online de peças de segunda mão. Um estudo realizado pelo Sebrae aponta que de 2020 para 2021, foram criadas cerca de 2 mil empresas nesse segmento, isso representa em média um aumento de 48,5% no comércio desse tipo de produto. DUAS MIL! Em 2022, com a volta a vida “normal”, a busca por brechós aumentou em 30%, de acordo o Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP), e em uma pesquisa feita pelo Google entre 2019 e 2022, as buscas por itens de vestuário usados subiram 572%. 

Eu, Carol, acredito muito e aposto nas peças de segunda mão como um dos caminhos para o futuro da moda, gerando uma economia cada vez mais colaborativa e circular. Também torço por uma moda de reuso mais inclusiva, com peças que abracem e contemplem todos os corpos e estilos. O futuro da moda já começou!

Deixamos aqui listados para vocês algumas lojinhas online para você garimpar bastante! 

E vocês? Já são adeptas da moda circular? Curtem brechó? Customizam peças? Me contem?
Até semana que vem!

Carolina Guarnieri
Comentários

  1. Isso é a mais pura verdade, antigamente entendia o brechó apenas como roupas velhas.
    Mas hoje em dia já passo por um e penso o que será de bom que posso achar e fazer um look.
    Tudo isso porque uma Amiga me ensinou a olhar com outros olhos para essa nova moda Circular…

    • Carolina Guarnieri  17.10.2022 | 17:22  

      Muita gente ainda tem esse estigma com brechós achando que são só roupas velhas quando na verdade é uma mina de ouro para peças únicas e exclusivas! Aproveita bastante com sua amiga pra explorarem muitos brechós por ai!!

  2. Edla  24.09.2022 | 15:35  

    Fiquei chocada com o cemitério de roupas.

    • Carolina Guarnieri  17.10.2022 | 17:23  

      Eu também! Fiquei impactada quando estudei sobre o assunto, e são vários espalhados pelo mundo… uma dó ver peças que poderiam vestir tantas pessoas sendo descartadas assim…

  3. Virginia  25.09.2022 | 09:40  

    Achei tudo esse post! O cemitério é algo que eu não tinha conhecimento até um tempo desses e confesso que fiquei triste quando me deparei com o mundo de roupas que poderiam ter outro destino. Enfim, ainda não sou adepta a brechós pela dificuldade de encontrar tamanhos maiores para mulheres, mas sigo procurando!

    • Carolina Guarnieri  17.10.2022 | 17:26  

      Oi Virginia! O ruim dos brechós é a pouca variedade nos tamanhos das peças mesmo… Mas eu tenho uma dica! Existem muitos brechós plus no Insta, até indico um chamado @choquesize , elas trabalham apenas com tamanhos plus, vale a pena dar uma olhada!

  4. Julia  25.09.2022 | 11:59  

    Primeiramente queria dizer que amei a matéria, extremamente necessária.
    Segundamente, gostaria de compartilhar que no meu prédio existe o descarte de peças de roupas/tecidos que vc não deseja mais, acho muito legal esse movimento do prédio para fazer o descarte consciente. Eu geralmente descarto as que não existe possibilidade de doação (como calcinhas bem furadas e gastas) e as peças que posso doar, eu dou para pessoas conhecidas ou orfanatos, fica a dica também pessoal. Não sei existem outras lixeiras de roupas por ai, mas acho que vale a tentativa de buscar a informação, além de que também existe a possibilidade de vender suas peças no enjoei ou brechó, assim como adquirir também!

  5. Juliana D.  26.09.2022 | 13:53  

    Já imaginava a problemática do descarte de roupas, mas não fazia ideia de como era um problemão visualmente demonstrável por meio de um cemitério de roupas! é mesmo chocante e angustiante, ainda mais em tempos de tendências que não duram uma temporada inteira e de Jades Picons que usam uma peça uma única vez e já descartam, gritando isso aos quatro ventos, sem pestanejar. Como consumidora fiel de brechós – online e físicos -, amei o post!

    • Carolina Guarnieri  17.10.2022 | 17:29  

      Ai Ju! Fico tão feliz que gostou, muito obrigada! E é isso mesmo, estamos vivendo uma cultura de descarte rápido e não dimensionamos as consequências disso! Comecei a consumir brechós quando era adolescente e não tinha dinheiro para comprar em lojas mas a cada dia amo mais essa cultura brechozeira hahaha

  6. Rebecca  25.10.2022 | 20:36  

    Sinceramente, a foto do cemitério de roupas me chocou!