Se você se flagrou torcendo pra crianças japonesas caírem durante as competições de skate nas Olimpíadas de Tóquio do ano passado, SAIBA QUE ESTAMOS JUNTAS! E, inclusive, teve gente que virou especialista a ponto de questionar nota dos juízes e afirmar 100%: o Brasil foi garfado. Em um ano, eu aprendi até o que é um kickflip rockslide de front, então achei que o meu último post no blog merecia ser sobre o esporte que conquistou meu coração: o skate.
Além disso, essa semana que passou marcou a data de um ano das primeiras medalhas do skate em jogos Olímpicos.
Pra começar esse post sem mais delongas: o Brasil é FODA no skate. Sem tirar nem por.
Hoje somos uma das potências mundiais do esporte que, ainda bem, virou olímpico. De nomes históricos como Bob Burnquist, até nomes do presente/futuro como Rayssa Leal, o Brasil tem um destaque absurdo na modalidade.
Como o skate surgiu
O skate nasceu nos anos 1950 na California. Basicamente uma galera começou a colocar rodinhas em pranchas de surfe menores. Os “surfistas do asfalto” dominaram o cenário da Califa a ponto do “mecanismo” chegar até a indústria de brinquedos dos EUA. Em 1959, a empresa Roller Derby, que produzia patins, desenvolveu o primeiro skate oficial, sem ser adaptado de uma prancha de surfe. Com o skate sendo comercializado, o esporte foi crescendo em todo o território dos Estados Unidos.
Nos anos 60, outras empresas começaram a produzir os shapes com uma tecnologia mais voltada para atletas e menos para crianças. Além disso, toda uma indústria de acessórios e moda surgiu no entorno do skate. A Vans, por exemplo, que hoje é uma marca referência no esporte e na moda, surgiu em 1966. Nos anos 70, começaram a ser construídas pistas atendendo às necessidades dos skatistas e, nos anos 80, já havia uma mídia especializada do esporte. A Trasher Magazine, publicação mais renomada do skate, por exemplo, surgiu em 1981.
Os anos 90 marcaram o início das grandes competições, como por exemplo os X Games, que são considerados as Olimpíadas dos esportes radicais.
Park vs Street vs Vert
É claro que não existe maneira certa de se andar de skate. Muito do que vemos dessa cultura deixa as competições de lado e quer mesmo é dar rolê e fazer manobra. Mas se formos pensar no âmbito competitivo, é possível dividir o skate em três categorias: o Park, o Street e o Vertical.
O Park é aquele que a gente imagina quando vê filme americano: uma pista que parece uma grande piscina vazia. O chamado Bowl explora a capacidade dos skatistas de se arriscarem em saltos, giros e bastante velocidade.
Já o Street é, como diz no nome, inspirado do skate de rua. A pista é composta por diversos elementos como corrimãos, caixotes, rampas, escadarias, vãos e por aí vai. O forte do Street é a técnica e a precisão nas manobras.
O skate vertical é outra história, a pista em U tem uma altura gigantesca e abusa da radicalidade. Os skatistas ficam parecendo pêndulos e, além de literalmente voarem na pista, ainda tascam um monte de giros. Surreal!
Atualmente, só o Street e o Park integram o programa dos Jogos Olímpicos. Mas em eventos como os X Games, por exemplo, o Vert também faz parte da competição.
Os atuais destaques do Brasil
Não faltam nomes incríveis na história do skate brasileiro. Bob Burnquist, Sandro Dias e Geninho Amaral moldaram gerações de atletas brasileiros. Já Karen Jonz foi quem ajudou a bombar o skate feminino. Eles, aliás, fizeram com que o Brasil pudesse ter uma geração de milhões andando nas pistas atualmente.
➡️ Rayssa Leal
A evolução de Rayssa Leal certamente já está marcada na história do esporte mundial. Desde o vídeo viral de Fadinha no interior do Maranhão, até o atual momento onde a menina ganha TUDO. Aos 14 anos (sim, 14, você não leu errado) Rayssa já tem no currículo 4 etapas da Liga Mundial de Skate Street (SLS), 1 ouro de X Games. Ela também é Tri Campeã nacional e, obviamente, medalhista de prata das Olimpíadas. Hoje em dia, ela chama o Tony Hawk (sim, o lendário skatista que tem um videogame com o nome dele) de “Tio Toninho”. Venceu na vida.
Rayssa também tem uma capacidade impressionante de não sentir a pressão. Ela ri na cara da pressão, ou faz dancinha do Tik Tok. Só no último ano, Rayssa venceu três etapas da liga mundial de virada na última manobra. Sangue GELADO pra ela, que tá sempre com um sorriso no rosto.
Mas o que mais me impressiona é que, nas próximas Olimpíadas, em Paris, a Rayssa vai ter 16 anos. E em Los Angeles 2028, ela vai ter 20. E até Brisbane 2032, ela ainda vai ser mais nova do que eu sou hoje. É injusto dizer que Rayssa é uma promessa do skate, porque, na verdade, ela já é uma realidade do esporte, mas QUE FUTURO essa menina tem.
➡️ Letícia Bufoni
Letícia Bufoni mudou o cenário do skate feminino mundial, ponto. Apesar do Brasil ter descoberto o skate perto do “fim” da carreira da Letícia, que tem 29 anos, a brasileira é considerada uma deusa do skate street. Para você ter uma noção, Bufoni é a mulher com mais medalhas da história dos X Games, de todas as categorias. Além disso, das 12 medalhas que ela tem, 5 são de ouro, o que a torna a maior vencedora do skate street feminino na competição.
Letícia mostrou ao mundo do skate que as mulheres podiam fazer manobras mais altas, arriscadas e com um nível técnico elevado. A brasileira foi muito julgada por “tentar competir que nem homem”, mas pode ter certeza que se hoje temos meninas explorando os elementos mais altos das pistas, é por conta dela.
Ao longo de sua carreira, Letícia também foi muito julgada, inclusive por outras mulheres, pelo tipo de roupa que usava para competir. Diferente da maior parte da galera, a skatista prefere roupas justas como calça leggings e tops. Isso foi bem revolucionário na cultura do skate feminino, que muitas vezes escondia as meninas atrás de roupas largas.
➡️ Pamela Rosa
Pamela Rosa tem 22 anos e dois títulos consecutivos da Liga Mundial de Skate Street. Essa marca, atingida na SLS do ano passado, a torna uma das pouquíssimas mulheres brasileiras a terem duas conquistas mundiais seguidas em esportes individuais.
Mais quieta e na dela, você não vai ver a Pamela fazendo gracinhas na hora de competir. Considerada a RAINHA dos corrimãos, pode anotar que ela vai dar uma manobra absurda no corrimão mais alto da pista de qualquer competição. A paulista de São José dos Campos já foi considerada a melhor skatista do planeta nos anos de 2019 e 2020.
Pamela, no entanto, entregou um resultado muito abaixo nas Olimpíadas, terminando na 9ª colocação. Acontece que ela rompeu o ligamento do tornozelo às vésperas de Tóquio e competiu com MUITA dor e o pé basicamente “solto”. Mesmo assim, o segundo semestre de 2021 foi um processo de se reerguer para Pamela, que resultou na conquista da Liga Mundial, em Jacksonville.
➡️ Kelvin Hoefler
O cara é o medalhista de prata dos jogos de Tóquio no Skate Street. Skatista do Guarujá, ele já foi campeão da Liga Mundial e, mesmo com apenas 28 anos, faz parte do time dos “veteranos” do Brasil. Uma história curiosa é que Kelvin tem uma ligação com o Chorão, do Charlie Brown Jr. Era na pista do cantor, em Santos, que ele treinava para as competições quando criança. Além disso, ele e a Pamela são muito amigos. Durante uma entrevista, chegou a dizer que a parceria deles foi fundamental para ter conseguido a medalha olímpica. Agora em 2022 eles estão treinando juntos nos EUA. Fofos!
➡️ Pedro Barros
Pedro representa a nata do skate brasileiro. Vindo de Floripa, ele é da galera que pensa: “competir é irado, mas dar manobra é mais legal”. Com uma explosão absurda, ele também é mais um dos que riem na cara da pressão. Aos 27 anos, ficou com a medalha de prata no skate Park nas Oimpíadas e, hoje, além de ser atleta, também é dono de uma marca de skates chamada “Privê”, que patrocina outros atletas brasileiros e campeonatos pelo país. Uma curiosidade? No melhor estilo Maqui, ele é um grande entusiasta dos cabelos coloridos. Nas Olimpíadas, mandou um verde e amarelo, já no campeonato brasileiro do ano passado, foi de estampa de tigre.
Please come to Brazil
Acho que a coisa mais legal desse post é o que me motivou a pensar em escrevê-lo: esse ano, o Brasil recebe três competições MUITO MUITO MUITO importantes pro skate mundial. Nas duas primeiras semanas de outubro, no Rio de Janeiro, vão ser disputados os Campeonatos Mundiais de skate Street e Park, que vão valer pontos para o ranking Olímpico de Paris 2024. Já no primeiro fim de semana de novembro, também no Rio, vai acontecer a grande final da Liga Mundial de skate Street.
Será uma PUTA oportunidade de vermos ao vivo nomes renomados do skate e torcer pelos nosso talentos brilharem. Eu tenho certeza que a torcida carioca é capaz de colocar uma pressão nas japonesas e dar aquela forcinha extra pras brasileiras, a gente é cria do futebol pô.
E com esse post, mirando Paris 2024, eu me despeço do Blog! Foi delicioso escrever sobre esportes por aqui. Espero ter conseguido ressaltar o que me propus: mostrar que o esporte é cultura, resistência e história. E deixar o recado: o futuro de um Brasil com melhores oportunidades, mais justo, plural, e vitorioso passa pelo esporte (e pelas urnas! ⭐️)
Clara,
Amei todos os seus post por aqui, sou uma grande admiradora dos esportes, amo acompanhar o vôlei, ginástica, futebol, handebol, basquete e o SKATE haha
Assim como você me apaixonei por esse esporte nas olimpíadas, acompanho todos os campeonatos e adoro as curiosidades. Inclusive já estou com as malas prontas para em novembro assistir a SLS 😂 beijos e obrigada por esses posts incríveis 💜
Que ABSURDO DE TEXTO!! Clara, você arrasou demais no seu mês, menina! Parabéns ♡♡♡